segunda-feira, 8 de março de 2010

O Tempo que Passamos em Quartos com Persianas


Pascal disse que a infelicidade de qualquer homem tinha origem numa única causa: a incapacidade de estar quieto num quarto.
« Notre nature», escreveu, «est dans le mouvement ... La seule chose qui nous console de nos misères est le divertissement.»Diversão, Distracção, Fantasia. Mudança de moda, de comida, de amor e de paisagem. Precisamos dela como do ar que respiramos. Sem mudança, os nossos cérebros e corpos deterioram-se.

O homem sentado num quarto com persianas corridas arrisca-se a ficar doido, torturado por alucinações e introspecção.Não admira, pois que uma geração protegida do frio pelo aquecimento central, do calor pelo ar condicionado, transportada em veículos assépticos de uma casa ou hotel para outros similares, sinta a necessidade de viagens do corpo e do espírito, de exercitantes ou tranquilizantes ou das viagens catárticas do sexo, da música e da dança. Passamos um tempo exagerado e imenso em quartos com persianas.

Fonte:Bruce Chatwin, Anatomia da Errância

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