O oportunismo é, porventura, a mais poderosa de todas as tentações; quem reflectiu sobre um problema e lhe encontrou solução é levado a querer realizá-la, mesmo que para isso se tenha de afastar um pouco de mais rígidas regras de moral; e a gravidade do perigo é tanto maior quanto é certo que se não é movido por um lado inferior do espírito, mas quase sempre pelo amor das grandes ideias, pela generosidade, pelo desejo de um grupo humano mais culto e mais feliz.(...)
Seria bom, no entanto, que pensássemos no reduzido valor que têm leis e reformas quando não respondem a uma necessidade íntima, quando não exprimem o que já andava, embora sob a forma de vago desejo, no espírito do povo; a criação do estado de alma aparece-nos assim como bem mais importante do que o articular dos decretos; e essa disposição não a consegue o oportunismo por mais elevadas e limpas que sejam as suas intenções: vincam-na e profundam-na os exemplos de resistência moral, a perfeita recusa de se render ao momento.
Agostinho da Silva
1 comentário:
O oportunismo muitas vezes paga-se caro. O PR tão ágil e "oportuno" com Santana,foi um dos principais elementos para a queda do Governo nessa altura - dando a oportunidade esperada pelo PS para por lá Sócrates.O que nos últimos anos se tem passado em Portugal com Sócrates é vergonhoso. Com a situação a degradar-se a cada dia o PR nada faz. Não age, não fala, qual estátua muda e queda. Como interpretar esta situação? É assim: ou o PR tem algum contrato cúmplice com o governo,ou perdeu a noção da realidade, ou só pensa na oportunidade para si próprio e na sua eleição estando-se marimbando para o país. PR(s) para enfeitar bastaram-nos os de antes do 25 de Abril,. Não precisamos de mais presidentes de enfeitar - nunca mais!
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