terça-feira, 26 de abril de 2011

Em Que Se Fundamenta a Felicidade ?

Historicamente, a felicidade, expressão por excelência do espírito humano, foi o "objecto" de discussão da sabedoria dos filósofos.

Mas será que a ciência e seus saberes tão precários - sempre prontos a mudar com a próxima pesquisa ou com o próximo estudo - poderia também ser um guia confiável nesse caminho.
Apesar do fim do domínio da religião sobre o saber no mundo ocidental, ocorrido ao longo dos últimos quatro séculos, a ciência parece ter ficado traumatizada demais com a queima de livros, frequentemente acompanhados dos seus autores. E tudo o que se relaciona à "alma humana", ou ao "espírito humano", coisas sobre as quais a religião reivindicava autoridade, foi banido do chamado "conhecimento oficial".

O espírito humano dos filósofos foi reduzido à mente humana, novamente reduzida à consciência e finalmente atribuída a um processo que, "de alguma forma", emana do cérebro humano.
Para a ciência oficial, pessoas são resultado de processos ainda não completamente entendidos do cérebro humano, com corpos e comportamentos ditados por seus arranjos genéticos, e tudo o que são, ou expressam, resulta de suas interacções com o ambiente e de seus próprios arranjos ou desarranjos biológicos.


Nas últimas décadas, o bom senso tem voltado a vigorar e o medo da exprobração pública pelos líderes políticos e religiosos tem sido exorcizado e amainado, ou talvez psiquiatricamente resolvido numa gigantesca terapia de grupo não-declarada, fazendo com que um número cada vez maior de cientistas retome a coragem para estudar assuntos menos relacionados ao corpo humano, e mais afectos ao espírito humano.

A felicidade, fundamenta-se muito mais nas relações que temos com as outras pessoas do que nas relações que temos com os bens e utensílios que utilizamos no nosso dia-a-dia.


Isto é também a redescoberta do que Aristóteles disse há milénios, quando o filósofo grego afirmava que a virtude deve ser desenvolvida como um hábito - assim, as acções virtuosas contêm em si mesmas o prazer de serem exercitadas, como qualquer bom hábito.

Por outro lado, a sociedade ocidental idolatra o egoísmo e a competição, em detrimento do altruísmo e da colaboração. É isso que precisa mudar, garante Layard: "Naturalmente, há um lado profundamente egoísta na nossa natureza, mas é  trabalho da cultura apoiar o nosso altruísmo natural contra o nosso egoísmo natural."

DS

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