60% dos açorianos não quiseram participar nas recentes eleições da região autónoma. É um número elevado e que tem crescido em Portugal e na Europa. Para o ano, teremos eleições autárquicas e a expectativa vai desde o regresso de alguns dinossauros locais até ao eclodir de mais candidaturas independentes.
Vamos ver qual é o pano de fundo da participação dos eleitores.
A verdade é que as pessoas andam fartas de votar para, depois, viverem resultados bem diferentes das promessas que políticos de todos os partidos lhes arengaram nas respectivas campanhas.
No caso das autárquicas, a coisa ainda se complica mais quando, de repente, como aconteceu em Lisboa, houve quem votasse em António Costa para presidente da Câmara e depois, quando este se lançou para o Governo, se visse com Fernando Medina pela frente a criar um autêntico terramoto.
Tudo isto desprestigia o sentido dos votos e o efeito prático das eleições. A abstenção só se combate se os políticos não mentirem e se cumprirem as promessas eleitorais - a história recente mostra que estas são duas impossibilidades em termos reais e o resultado é o descrédito do sistema.
Para quê votar, se depois fazem tudo ao contrário? A culpa da abstenção não é dos eleitores nem o problema se resolve com lições e campanhas de sensibilização. Resolve-se com mudanças profundas nos partidos, com essa coisa tão rara que se chama honestidade, um bem escassíssimo na política.
Manuel Falcão, JNegócios
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