De: Helena Matos |
Em Portugal existe quem mande - a esquerda que para o efeito obedece ao PS – e depois temos os subalternos que não vale a pena dizer que são de direita porque na verdade eles vivem num não lugar que, por prudência, definem como “não ser de esquerda”. Esse limbo ou não lugar que se define como “a não esquerda” é por assim dizer o máximo intelectual e socialmente aceitável em Portugal para quem quiser ser considerado civilizado, interessante, solidário e sobretudo viver em paz com as redes sociais, a maçonaria e o mundo mediático. A não esquerda pode existir, participar nas eleições mas, sobretudo quando está no poder, tem de admitir a sua subalternidade, penitenciar-se quotidianamente e retirar-se ou deixar-se retirar assim que lhe fizerem um sinal de que está a mais.
Veja-se como para a direita foi um alívio que Sampaio a tivesse desembaraçado de Santana Lopes. A pátria tremeu porque o dito Santana teorizou sobre os bebés e as incubadoras. Podia lá ser um homem de Estado usar uma imagem dessas?! Em boa hora Jorge Sampaio convocou eleições e passámos a ser governados por esse homem de Estado, por esse líder incontestado, por esse primeiro-ministro galvanizador chamado José Sócrates.
Naturalmente a mesma não esquerda que viveu com fatalismo o afastamento de Santana foi incapaz de fazer uma verdadeira oposição a Sócrates e até vivia no temor de que lhe ouvissem uma palavra menos própria sobre os comportamentos impróprios do primeiro-ministro. A isto junta-se que passavam a vida a lastimarem-se por não terem um líder tão dotado quanto José Sócrates.
Não perceberemos nunca como foi possível José Sócrates nem entenderemos como pode António Costa estar a levar o país para uma nova crise com um espantoso riso na cara sem atendermos a essa dicotomia entre governantes legítimos e subalternos que nos rege desde 2004. E sobretudo sem termos em conta que ser subalterno não só não se estranha como se entranha.
Fonte:,Helena Matos, OBSR
Sem comentários:
Enviar um comentário