Na passada semana, o Estado português emitiu títulos de dívida pública – ou seja, pediu dinheiro emprestado – por um prazo de seis e doze meses a juros negativos. O ministro das Finanças, Mário Centeno, apressou-se logo, como seria de esperar, a regozijar-se com o feito, que segundo ele fazia parte de “um conjunto de boas notícias” sobre a economia do país. “A taxa de juro a que Portugal hoje colocou dívida”, declarou o ministro, “foi ainda mais negativa do que a taxa que já era negativa nas últimas colocações”, um facto indesmentível e uma daquelas situações em que, como num exame médico, algo “negativo” é suposto ser bom.
Mas o que Centeno se escusou a dizer foi que os títulos de dívida pública – ou seja, os empréstimos que o Estado português contrai para ter o dinheiro que não tem para pagar as despesas com que se comprometeu – com maturidades a longo prazo continuam a ser negociados com juros a rondar os 4%, bem mais elevados que a maioria dos nossos parceiros da moeda única. Acima de tudo, não explicou por que razão essa disparidade existe, nem muito menos o que essa razão indica acerca do futuro que nos espera. Resta saber se o não fez por, coitado, não a perceber, ou se por o espírito de negação da realidade que se apodera de qualquer membro de qualquer governo o ter já obnubilado por completo, ou se por pura e simples desonestidade. (...) (continuar a ler)
O “rebentar” da “bolha” não significa um descanso das atribulações; pelo contrário, significa o fim das ilusões e o despertar para uma dura realidade. Algo que, mais tarde ou mais cedo, o ministro Centeno irá descobrir. O pior é que o resto do país também sofrerá as consequências. E não nos vai custar pouco, certamente.
Bruno Alves, JE
Mas o que Centeno se escusou a dizer foi que os títulos de dívida pública – ou seja, os empréstimos que o Estado português contrai para ter o dinheiro que não tem para pagar as despesas com que se comprometeu – com maturidades a longo prazo continuam a ser negociados com juros a rondar os 4%, bem mais elevados que a maioria dos nossos parceiros da moeda única. Acima de tudo, não explicou por que razão essa disparidade existe, nem muito menos o que essa razão indica acerca do futuro que nos espera. Resta saber se o não fez por, coitado, não a perceber, ou se por o espírito de negação da realidade que se apodera de qualquer membro de qualquer governo o ter já obnubilado por completo, ou se por pura e simples desonestidade. (...) (continuar a ler)
O “rebentar” da “bolha” não significa um descanso das atribulações; pelo contrário, significa o fim das ilusões e o despertar para uma dura realidade. Algo que, mais tarde ou mais cedo, o ministro Centeno irá descobrir. O pior é que o resto do país também sofrerá as consequências. E não nos vai custar pouco, certamente.
Bruno Alves, JE
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