(...)
Na noite, olhos fechados, tua voz
(...)
Não, a voz não é tua
Que se ergue e acorda em mim
Murmúrios de saudade e de inconstância,
O luar não vem da lua
Mas do meu ser afim
Ao mito, à mágoa, à ausência e à distância.
Não, não é teu o canto
(...)
Assim, cantas sem que existas.
Ao fim do luar pressinto
Melhores sonhos que estes da ilusão.
Fernando Pessoa, 1-1-1920
Poesias Inéditas (1919-1930)
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