A tranquilidade do Governo Costa depende muito mais do resultado autárquico do PCP. Na noite de 1 de outubro, o primeiro-ministro assentará arraiais no Largo do Rato (ou no Altis ou lá onde for) com os seus camaradas, mas estará a torcer para que os camaradas do PCP não saiam humilhados da contenda autárquica. Se os comunistas conseguirem garantir, pelo menos, o mesmo número de câmaras e percentagem de votos que alcançaram em 2013 - 11% dos votos, a presidência de 34 câmaras municipais - Costa suspirará de alívio. Os comunistas ficarão contentes e os equilíbrios dentro da geringonça não sairão beliscados.
É que nas últimas autárquicas não foi só o PS a conseguir um resultado histórico. A CDU também recuperou terrenos perdidos na década anterior - reconquistando ao PS, por exemplo, concelhos simbólicos como Évora e Beja. Uma inversão deste estado das coisas tornará muito mais complexo para o PCP a manutenção da pax romano-gerigôncica.
Para que António Costa prossiga o seu caminho tranquilamente, o PCP tem que manter a sua força. Parece um paradoxo, mas é simplesmente a vida, a vida como ela é nos tempos que correm, que são diferentes de todos os que vivemos anteriormente.
Esta semana, o BMI Research, uma empresa do grupo Fitch, festejou Costa e subiu o ‘rating’ político de Portugal. Motivo? «A popularidade crescente do Partido Socialista [está] a manter os aliados da extrema-esquerda sob controlo». Ora, este «controlo», que é uma realidade, só se mantém se ninguém perder a face. Costa sabe isso perfeitamente e vai torcer para que o PCP não perca a face, que é a sua força autárquica. O Bloco só está fora desta equação porque não tem mais-valia autárquica, não controla uma única câmara, não tem nada a perder.
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