Pesquisar neste blogue

sábado, 11 de novembro de 2017

Com Que Vida Encherei Os Poucos Breves

Telas de Janete KislansKy
Com que vida encherei os poucos breves
Dias que me são dados? Será minha
        A minha vida ou dada
        A outros ou a sombras?
À sombra de nós mesmos quantos homens
Inconscientes nos sacrificamos,
        E um destino cumprimos
        Nem nosso nem alheio!
Ó deuses imortais, saiba eu ao menos
Aceitar sem querê-lo, sorridente,
        O curso áspero e duro
        Da estrada permitida.
Porém nosso destino é o que for nosso,
Que nos deu a sorte, ou, alheio fado,
        Anónimo a um anónimo,
        Nos arrasta a corrente.

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa 

Sem comentários: