terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Há 27 Anos Que Portugal É Praticamente Governado Pelo Clã De Amigos Que Chegou Ao Poder Com Guterres. O PSD Tem De Escolher Se Quer Ser Ou Não Alternativa A Esse Sistema

O PSD só tem governado durante os ajustamentos que se seguiram a épocas de expansão: logo em 1992-1995, e depois em 2002-2005 e outra vez em 2011-2015. Há portanto vinte e sete anos, que é o PS quem governa quando há dinheiro, e o PSD quando não há. Isso teve duas consequências. Primeiro, permitiu aos socialistas apagar a memória do “cavaquismo” e identificar o PSD com a “austeridade”, como se os ajustamentos fossem uma opção arbitrária do PSD, por ideologia ou sadismo. Em segundo lugar, privou o PSD da capacidade de cultivar aquele tipo de adesões que, na sociedade portuguesa, têm a ver com favores orçamentais ou contactos nos ministérios. A sua retracção municipal, por exemplo, alguma coisa pode ter a ver com isso.
O Partido Socialista tornou-se, entretanto, o “partido do Estado”, uma rede sectária de famílias e de velhas amizades, provavelmente a mais endogâmica organização A A política dos últimos 50 anos, que recobre a administração, as empresas públicas e as empresas com negócios com o Estado. Os seus dirigentes são ainda recrutados no mesmo grupo que chegou ao poder com António Guterres em 1995 e que depois rodeou José Sócrates. Há vinte e sete anos que Portugal é praticamente dominado pelo mesmo clã de amigos, alargado apenas para filhos e cônjuges. O projecto autocrático do socratismo, entre 2005 e 2011, deve ser encarado como um simples exacerbamento desse sistema, com cuja defesa, em 2015, a actual direcção socialista comprometeu o PCP e o BE.
Perante este tipo de poder, o PSD tem duas escolhas. Ou se conforma com o seu papel de faxina do regime, aguardando pela próxima vez que as “famílias” socialistas decidam fazer um intervalo. Ou assume que, perante o PS enquanto “partido do Estado”, o PSD não deve ser o aspirante a “partido de Estado” da direita, mas o partido de outra coisa, chamemos-lhe a “sociedade civil”, independentemente de ser de direita ou de esquerda, liberal ou social democrata, liderado por este ou por aquele. É esta a mais importante escolha do PSD.
(excertos do artigo de Rui Ramos, OBSR)

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