quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Quando Uma Tragédia Se Abate Sobre Vastas Regiões Do País, O Mínimo Que Se pode Exigir É Uma Planificação Que Evite A Repetição E Que Ao Mesmo Tempo Criem As condições Para A Melhoria De Vida Das Populações Afetadas

Chegados ao final do mês de fevereiro, quando a primavera já se anuncia, depois de um Orçamento do Estado para 2018 que nada fez para recuperar a atividade económica destas populações martirizadas, a que assistimos agora em termos de medidas por parte do Estado para relançar a confiança das populações mais afetadas ?
Num país onde não se tomaram medidas para escoar os milhões de toneladas de biomassa semiardida que continuam espalhadas por vastas zonas do Portugal interior, o que se vai fazer a estas novas quantidades de biomassa que o governo pretende agora que seja cortada sem ter antes criado qualquer tipo de incentivo ao seu necessário escoamento?
Nem isentando de IVA a biomassa para queima, nem permitindo a dedução em IRS das despesas com o corte da biomassa, nem reduzindo o IRC das empresas destas regiões, nem criando circuitos logísticos e parques onde esta biomassa possa ser armazenada com um mínimo de segurança.
E não esqueçamos que a biomassa, depois de cortada, seca mais depressa do que se permanecer em ciclo vegetativo - o que aumenta exponencialmente o risco de incêndio já no próximo verão.
E como as queimadas são proibidas a partir de finais do mês de abril, e infelizmente as centrais de biomassa são ainda muito poucas, todo este esforço dos pequenos proprietários, todas estas multas anunciadas, toda esta desorganização adicional do tecido produtivo destes 40 mil quilómetros quadrados de território servirão apenas para criar as condições para que tragédias ainda maiores possam vir a ocorrer.
Ou seja, será o massacre dos já massacrados pela calamidade dos fogos do ano passado.
De facto, a democracia portuguesa está muito longe de ter a qualidade que devia. 

(excertos do artigo de Clemente Pedro Nunes,Ji)

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