O SNS tem de continuar a ser um dos grandes temas do debate dos próximos meses. O que está em causa já não é melhorá-lo. Se o país conseguir conservar o [até à pouco tempo] (...) actual nível de desempenho será um grande feito.
Manuelo Carvalho, Público
O debate sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde vai longo, deu lugar a diversas armas de arremesso politico e transformou-se num palco para troca de acusações entre o Governo e a oposição. Chegou a hora de o retirar da esfera dos naturais interesses dos partidos e de circunscrever os dogmas ideológicos que o situam num combate entre a esquerda e a direita. A realidade exposta esta quinta-feira pelo PÚBLICO obriga a encarar de frente realidade: o estado do SNS é um dos principais problemas do país por estes dias. E é também um dos mais difíceis de resolver. É um problema que o Governo carrega, mas é também um problema do Estado e de toda a sociedade.
Custa a acreditar no cenário que a gravíssima falta de anestesistas e obstetras vai criar a milhares de mulheres grávidas que habitam em Lisboa. A possibilidade de os serviços de urgência obstétrica encerrarem durante o Verão é inadmissível num país europeu governado por uma coligação informal de partidos que coloca a qualidade dos serviços públicos na primeira linha das suas prioridades. A antecipação da falta de cuidados, especialmente consultas de rotina, de tempos excessivos de espera, de mudanças forçadas de hospital onde as mulheres são atendidas bastam por si só para se exigirem explicações sobre como foi possível chegarmos até aqui. E, principalmente, sobre o que pode e vai ser feito para evitar que esta ameaça não alastre.(...)
A solução, como se escreveu, não se encontra num golpe de magia. O SNS tem de continuar a ser um dos grandes temas do debate dos próximos meses. O que está em causa já não é melhorá-lo. Se o país conseguir conservar o seu actual nível de desempenho será um grande feito.
(excertos do Editorial de hoje do Público)
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