sexta-feira, 26 de julho de 2019

Terra ...


Na noite silenciosa oiço o chocalhar do gado na planície
profunda. Os únicos sons chegam com a natureza:
as aves, os rebanhos de vacas e de ovelhas. Para
se chegar a este lugar é preciso amargar muito pó de
terra batida. Sinto que regressei à minha matriz ancestral,
ao “humus”, onde Anteu recriou a moira, o
destino, para os gregos antigos.
Há neste aconchego da terra o conforto do despojamento
e a indiferença pela intriga e a inveja. Aqui, lê-se
Homero. Tenho a companhia da lua crescente, os olhos
imaginários e a respiração da esperança. 


(António Vilhena)

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