terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Rio, De Facto Nunca Percebeu As Gentes Do PSD

Do alto da sua sobranceria esculpida no granito do Porto, Rio não percebe, não concebe e não aceita que os militantes do partido não o entronizem enquanto deus. O partido é um engulho, um obstáculo que terá que superar para chegar à nação.

Rio, de facto, nunca percebeu as gentes do PSD. Nunca desceu do Olympum para curar de entender que dentro das muralhas do partido, dos cânones, dos rigores orçamentais, há todo um pulsar próprio das gentes, um fervor de sangue, o desejo de conquista e o sonho do impossível. Esse “impossível” é uma matriz ideológica que se tem vindo a perder, que se tem vindo a descentrar; é uma equação que encontra o seu equilíbrio entre uma visão tendencialmente liberal da economia e um estado regula(menta)dor com um humanismo sociológico bem vincado.  Ora, Rio é um tecnocrata, jamais será um humanista, daí tentar (re)educar um partido, à sua imagem, como se tal fosse possível, como se os sociais democratas aceitassem uma submissão ideológica ad hominem

O partido é muito mais que os ódios pessoais que resultam da inveja, da tacanhez e da insegurança, devendo valorar a divergência de opiniões, a liberdade de expressão, a pluralidade de visões e a existência de alternativas. O partido é tudo aquilo que permitiu (e permite!) a Rio ser o seu líder, mesmo depois do seu percurso interno, crítico, desviante e até acintoso.

Rio, também o é (igual a si mesmo), quando se acha acima dele, quando ostraciza candidatos a deputados, quando impõe a sua vontade às estruturas eleitas, quando não assume as responsabilidades por derrotas históricas, quando gere, como geriu, a crise dos professores ou do combustível, no miserável discurso após as legislativas, na incapacidade de censurar o autoritarismo do Presidente da Assembleia da República, na posição tomada a respeito das responsabilidades por Pedrógão ou no comprometido silêncio no nubloso processo de pagamento em massa das quotas..

Nuno Costa Nata (ler aqui o texto completo)


Sem comentários: