A rotina é nestes dias o nosso pior inimigo. A rotina a que estamos forçados, a rotina do confinamento, a falta de socialização, a rotina da avalancha de notícias. Aos poucos, os números elevadíssimos de consumo de internet e de televisão começam a voltar a valores mais próximos das médias anteriores ao estado de emergência. Embora continue alto o consumo de notícias, já começa a subir o consumo de entretenimento - filmes, séries, musicais, documentários, e, claro, culinária.
O Estado, esse ser sem cara e nas mais das vezes com pouco coração, até deu uns laivos de humanidade nestas semanas. Mas falta imenso - há sectores básicos da sociedade e da economia, sobretudo nas microempresas, que continuam a braços com tratamentos discriminatórios. O Estado, que há uns anos fomentou a criação dessas microempresas e a criação de postos de trabalho, com a consequente redução dos números e custos do desemprego, ainda tem muito para fazer neste sector.
A pior de todas as rotinas é a da resignação, e há muita gente que conta com ela e com a aceitação do mal menor. E, no entanto, só recuperaremos se nos excedermos, se ambicionarmos reconstruir e recuperar. É isso que devemos exigir da Europa, é isso que devemos exigir dos governos. Ficarmos na rotina não basta - é demasiado perigoso.
Manuel Falcão, JN
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