A política medíocre em força: A versão Costa-Centeno da demissão irrevogável, o atirar para a ribalta uma recandidatura de Marcelo e a novela do Avante! são prova disso.
O dia 13 de maio passado foi um grande dia para a Igreja, que deu uma lição de civismo, de preocupação humanitária e de respeito pela saúde pública ao autolimitar a presença de peregrinos em Fátima e promover a circulação da imagem para que os católicos pudessem vê-la e saudá-la, sem riscos e com distanciamento social. Foi bonito e, sobretudo, responsável. No mesmo dia, a classe política protagonizou, em contrapartida, uma lamentável sucessão de factos e reações à volta de Mário Centeno e do pagamento de verbas ao Novo Banco que, obviamente, tinham de ser liquidadas, visto que o mal está na origem da venda a pataco.
O caso Costa-Centeno envolveu tudo o que é mau na política. Oportunismo, falta de sensatez, irresponsabilidade, demagogia e guerra de comunicação sem sentido de Estado. Foi o pior momento dos últimos meses. Num repente, a intriga, a deslealdade e o oportunismo voltaram à ribalta política, até que o bom senso prevaleceu. Há coisas que é melhor fingir que não aconteceram, por mostrarem uma triste imaturidade e irresponsabilidade perante um povo que sofre, que está assustado e que não merece a situação em que está, seja pela covid-19, seja pelas asneiras que tem de pagar às toneladas de milhões.
Conhecendo-se António Costa, é mais prudente que Centeno não aposte as fichas todas no lugar de governador do Banco de Portugal (BdP). É que há muito quem recorde insistentemente que Luís Máximo dos Santos, vice-governador do BP, é muito próximo do primeiro-ministro. E isso é coisa que Centeno já não é. Affaire à suivre.
Nada impedirá uma vitória de Marcelo, sendo indiferente para o segundo mandato que tenha mais ou menos percentagem de votos do que o inesquecível Mário Soares. António Costa prefere, obviamente, Marcelo em Belém a arriscar noutro candidato. O PS pode fingir que não quer Marcelo. No limite, até pode arranjar alguém só para dizer que não fica em casa de pantufas. Nada disso é relevante. Em termos de presidenciais, les jeux sont faits.
Protelar uma decisão sobre a realização da festa é instalar a confusão política e dividir os portugueses quanto uma matéria altamente sensível como é a da liberdade. E, realmente, é tempo de deixar de haver portugueses que são mais iguais que outros, como se viu no 1.o de Maio.
(Excertos do texto de Eduardo Oliveira e Silva, Ji)
Sem comentários:
Enviar um comentário