António Galamba, Ji
O “será que vale a pena” passa pela cabeça de muitos portugueses quando assistem ao verberar de narrativas sem nexo, à criação de situações de exceção e a um conjunto de dinâmicas sem critério, sem sentido de justiça e sem explicação, que contrastam com os seus comportamentos individuais no quadro do compromisso com a comunidade. Há muito que defendo a necessidade de um equilíbrio entre os direitos e os deveres, depois de décadas de ditadura em que os direitos foram só para alguns.
O que faz o governo pensar que pode retificar diplomas para retirar patologias como estando abrangidas por um determinado regime, na socapa do Diário da República, sem uma explicação prévia do alcance da inconsistência. Ou mais grave, um Ministro das Finanças achar que pode transferir 850 milhões de euros dos contribuintes para o Novo Banco à revelia do compromisso público do Primeiro-Ministro, num impulso sem consequências políticas, que legitima dúvidas sobre que o desencontro não foi encenado.
O problema da política sem critério é que, para além de perpetuadora de injustiças, de situações de exceção e de espaços de oportunidade para os “ismos” presentes na nossa sociedade, é geradora de consistentes sentimentos de impunidade dos titulares e de um sustentado fervilhar de indignação que é demasiado perigoso para os equilíbrios de quem precisamos como comunidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário