segunda-feira, 25 de maio de 2020

Portugal Entretido Em Troca De Laudatórios Mútuos

«Portugal, entretido em troca de laudatórios mútuos, um Portugal declarado de titulares de cargos públicos exemplares num país de mão estendida, é uma aberração institucional averiguada»

Carlos Pinto, Ji 

Começam a conhecer-se algumas das sequelas da crise económica. Quatrocentos mil desempregados, 1,2 milhões de trabalhadores em layoff, 700 empresas fecharam portas no primeiro trimestre, o banco alimentar não tem mãos a medir (mais de 60 mil pessoas terão buscado apoio para comer).

 Só mesmo o círculo de exemplaridades do regime deve acreditar ter ainda virtualidades bastantes para responder à tragédia económica e social que está a desenhar-se.

E, aqui, as instituições “exemplares”, Presidente, Governo e oposição falham em toda a linha, atuando como a orquestra “titânica”.

Ora, Portugal, entretido em troca de laudatórios mútuos, um Portugal declarado de titulares de cargos públicos exemplares num país de mão estendida, é uma aberração institucional averiguada.
E um perfeito embuste na sua génese e razão mais profunda.
O que, ontem, o Presidente da República foi fazer a Ovar foi deixar implícito, talvez injustamente, que o mais importante é o quadro interpessoal que garanta o apoio à sua reeleição, reforçando o gentlemen’s agreement de um bloco central não escrito, uma nova união nacional integrada por PS e PSD.
Se assim for, que não demorem a passar certidão, porque o interesse nacional não mora nas presidenciais; mora na economia e não pode esperar por estes jogos e rodriguinhos.
(excertos do texto de Carlos Pinto, Ji)

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