Um esmagador relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, a entidade criada dentro das Nações Unidas e que reúne os melhores cientistas de todo o mundo em matéria de alterações climáticas, veio traçar um cenário aterrador sobre o que nos espera adiante, ali ao virar do século, se nada fizermos já. Não é já, como quem diz daqui a uns anos. É já, JÁ! Nesta década.
Houve uma coisa que a pandemia da Covid-19 mostrou foi a enorme capacidade de alheamento e negação do ser humano perante claríssimas evidências. Mesmo com o lastro de morte e devastação de uma pandemia global à vista, com mortos, hospitalizados e testemunhos permanentes de dor e sofrimento ao nosso lado, há quem, ainda assim, consiga negar a existência do risco e recusar ouvir o que dizem médicos, cientistas e governantes. Tenho pensado muito nisso quando vejo a outra gravíssima ameaça global que temos neste momento entre mãos, e que é muito menos percetível a olho nu, tanto nos efeitos imediatos como no seu nexo de causalidade: as alterações climáticas.
Somos confrontados diariamente com as notícias do resultado do sobreaquecimento do planeta. Os furacões, como o Ida esta semana, estão a avançar tão rápido e de forma tão intensa que os sistemas de emergência não conseguem dar resposta.
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