Pensar-se que há certos comportamentos que eram aceitáveis há 20 ou 30 anos, quando na realidade nunca o foram para pessoas de bem de finais do século XX, designadamente altos responsáveis da Igreja.
Não há atenuantes morais, por muito que os crimes estejam prescritos. Apesar disso, os factos passados não podem servir de arma de arremesso contra uma instituição como a Igreja, que tem a maior obra social de apoio aos desfavorecidos, substituindo-se muitas vezes ao Estado. A circunstância de haver especificidades legais quanto à Igreja não a isenta de denunciar casos graves de qualquer natureza que aconteçam no seu interior.
A Igreja tem de esclarecer tudo o que for possível e assumir erros passados, mesmo sabendo que isso irá servir para algumas forças manipularem o assunto em favor de causas hostis ao catolicismo.
O Patriarca de Lisboa foi a Roma, onde o Papa Francisco o recebeu. Ali, D. Manuel Clemente colocou o seu cargo nas mãos do Papa. Foi uma decisão sensata, porquanto uma renúncia direta significaria um reconhecimento imediato de responsabilidade no encobrimento de pelo menos um caso. Veremos o que vai suceder daqui em diante.
O Presidente Marcelo já se pronunciou duas vezes sobre a matéria de forma atabalhoada. Inicialmente, pôs quase as mãos no lume pelo atual patriarca e pelo seu antecessor ao afirmar que o conhecimento que tinha deles não permitia imaginá-los a encobrir comportamentos abusivos. Mais tarde, recebeu a comissão que está a averiguar denúncias e foi mais comedido. Insistiu na necessidade de tudo se apurar. Precisamente por ser um católico devoto, o Presidente deveria ter ponderado melhor as suas intervenções. O que tem a fazer agora é esperar calado o desenrolar dos acontecimentos. O silêncio é de ouro, mais a mais num Estado laico. (excertos do texto de Eduardo Oliveira e Silva, Ji)
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