Um ditado popular ensina-nos que quem cala consente. Um adágio que, adaptado ao comportamento do Presidente da República, aponta no sentido inverso: com ele, quem fala consente. E António Costa tem beneficiado deste consentimento. (Rodrigo Saraiva, DN)
Marcelo Rebelo de Sousa insiste em contrariar quem nele votou com a esperança de que funcionasse como contrapeso ao poder tentacular do PS. Eleitores que se enganaram redondamente. O chefe de Estado fala, fala, fala e já poucos o escutam. Porque sabem que o resultado é sempre o mesmo: no essencial, Marcelo nunca se demarca do governo.
O primeiro-ministro, com ele, pode dormir descansado. E até fazer graçolas, como aconteceu no 5 de Outubro, quando António Costa se permitiu fazer comparações entre ele próprio e o chefe de Estado aos jornalistas: "Nós não falamos. Nós agimos, fazemos, resolvemos. É essa a função fundamental do governo." Como se o Presidente fosse figura decorativa.
Em boa verdade, Marcelo Rebelo de Sousa tem feito por merecer este sarcasmo. Porque, no essencial, transformou o Palácio de Belém numa câmara de ressonância do palacete de São Bento. (continuar a ler)
Sem comentários:
Enviar um comentário