O país prometido não se cumpriu, os Governos não fazem reformas estruturais, passeiam-se apenas pelo poder, adiando sempre o principal.
(Falcao, A Esquina do Rio)Meio século atrás havia uma canção, de Sérgio Godinho, que tinha como refrão as palavras pão, paz, habitação, saúde e educação, os pontos que reivindicava como condição para que, de facto, as pessoas fossem livres. Se olharmos para os meses mais recentes vemos que existem sinais de diminuição do consumo de produtos básicos de uma alimentação saudável devido ao aumento dos preços, sabemos que a paz é um desejo permanentemente ameaçado, sentimos os problemas graves que existem no sistema nacional de saúde, estamos no meio de um turbilhão na educação e a habitação é um sério problema, quer pelo aumento dos preços das casas, quer pelo aumento dos custos de financiamento, quer ainda pelo inflacionado e anémico mercado de arrendamento. Bem vistas as coisas, em meio século, estes indicadores básicos não foram cumpridos. Olhemos para a habitação. Um relatório recente do Banco de Portugal revela que, desde outubro do ano passado, o custo financeiro de comprar casa em Portugal superou o custo na média dos países do euro: em dezembro, a taxa de juro média dos novos créditos à habitação em Portugal era 36 pontos base superior à taxa cobrada pelos bancos da Zona Euro e, em 2022, a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação mais do que triplicou em relação a 2021. Outros estudos indicam que em 2022 o preço médio das casas subiu 9,7%. Nas grandes cidades cada vez mais pessoas, sobretudo idosos com contratos de arrendamento antigos, são forçados a sair das suas habitações. Os mais novos, no início da sua vida profissional, têm sérias dificuldades em suportar os custos de habitação. O país prometido não se cumpriu, os Governos não fazem reformas estruturais, passeiam-se apenas pelo poder, adiando sempre o principal. (continuar a ler)
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