(António Gosta, ECO)
2- O PS fala nas “contas certas” e aplica uma factura fiscal que transforma Portugal no país onde se paga mais impostos per-capita. (...)
Os impostos são o grande mito da política nacional. Por preguiça ideológica e esgotamento políticos, não se olha o país como uma realidade complexa em que os impostos são o resultado da consistência da economia. Ninguém pensa como tornar economicamente próspero o país. Mas todos pensam como extrair rendimentos políticos de um país pobre que pratica salários ridículos. E sobre os salários ridículos cobram impostos para distribuir pobreza.
Associado à obsessão dos impostos surge uma outra questão acessória, exuberante, sombria, sensacionalista, minimizada pelo establishment, maximizada pelos excluídos do circuito institucional. Refiro-me obviamente à questão da corrupção. A primeira observação sobre a corrupção em Portugal é afirmar que Portugal não é um país corrupto. No entanto, as suspeitas voam por todos os lados na referência a um “país inorgânico” que foge à “moral fiscal” e que acumula estatuto e rendimentos.
Nas “trincheiras da corrupção” o Estado democrático é desafiado na sua omnipotente soberania. Primeiro, porque convive com uma “economia informal” que não paga impostos. Segundo, porque o Estado está quase sempre associado ao circuito secular da grande devassa dos recursos do próprio Estado. No fundo, o Estado é o grande “moralista fiscal” e o grande “imoralista fiscal”. Porque cobra a quem não deve cobrar e não cobra a quem deve cobrar. Neste ponto os “vícios da democracia” casam com “as velhas doenças de Portugal”. E nada a bem da nação. (Carlos Marques de Almeida, ECO)
Sem comentários:
Enviar um comentário