terça-feira, 5 de março de 2024

A Frase (53)

      
Estamos em plena campanha eleitoral, mas este não parece ser o tempo dos políticos, mas sim, o tempo desmesurado dos comentadores televisivos que, do alto da sua cátedra, influenciam a política e a opinião pública. Mas com um pormenor: não se sujeitam ao veredito popular – são as opiniões sem mandato. Na ‘Comentocracia’, a voz dos comentadores ecoa mais alto do que a voz dos próprios políticos, procurando assim moldar as narrativas e os debates da sociedade.   (João Morgado, OBSR)

Este impacto televisivo, prefigura uma mudança significativa na estrutura de poder e influência, dentro das sociedades contemporâneas. Tradicionalmente, a esfera política era dominada pela voz dos políticos e dos líderes eleitos. Eram estes que ajustavam a narrativa e os debates públicos, por meio dos seus discursos e acções políticas. Contudo, este advento da sociedade da informação imediatista, levou à ascensão de uma nova classe dominante, de comentaristas e analistas na esfera pública. Porque esse poder lhes é dado, os comentadores possuem um tempo de antena sem igual, e arrogam-se uma autoridade extraordinária para interpretarem tudo o que acontece sem qualquer pejo ou acanhamento. Os comentadores profissionais sabem como o país está e devia estar, o que os políticos são e deviam ser, o que dizem, o que pensam, o que sentem, e também o que deveriam ser, dizer e sentir. Os políticos tornaram-se, assim, figuras secundárias de um mero ‘reality show’. Importantes, mesmo, são os doutos comentadores da televisão.   (...)

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