O mais importante, e aquilo que está em causa tanto em França, actualmente, ou em toda a Europa é isto: o acto difícil de se querer ser humano em tempos de total apostasia social. (Gonçalo Soares Jesus, OBSR)Votar não pode ser tão só um favor do eleitorado, em formato de acto-resposta, quanto a um apelo desesperado de terceiros. Votar, e escolher em quem votar, tem de ser um acto oferecidamente ponderado, consciente, quanto a um programa político sério, discriminado, e não uma adesão quase tácita a uma súplica eleitoral exigida em grito de socorro provindo de cartazes rasgados a metades. (...)
O que se quer dizer, sem rodeios: apelar ao voto, por si ou por interposta gente, sem compromissos palpáveis que demonstrem paixão real pelo futuro humano, é não levar as pessoas a sério, o que as fará, inevitavelmente, entregar o seu destino a quem melhor apele e não a quem mais nelas pense. França, que explicitamente anuncia aquilo que se expandirá Europa fora, anuncia, ainda mais, que inexiste melhor altura para o futuro da democracia. Evidentemente, é tempo de tornar o mundo democrático mais íntimo e próximo do eleitorado. (...)
Aqui, precisamente, começa a salvação da democracia, ou de França, ou de Portugal, ou da Europa ou até da espécie: no encontro de um valor que se sobreponha aos gritos selvagens de uma vida sempre imposta por terceiros. Só a partir daí acontecerá o verdadeiro encontro do humano pelo humano, no seio do próprio humano, que passará a ser o que nunca foi: humano-humano.
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