Aconteceu em Setembro de 2016, quando se anunciava a estreia de Moana - 56.ª longa-metragem com marca Disney e nona produção desse estúdio norte-americano feita com recurso exclusivo a tecnologia digital. Narrando a história de uma jovem numa ilha imaginária do Pacífico Sul onde encontra Maui, figura mitológica daquela região do globo que deu nome a uma das ilhas do Havai. Semideus venerado por muitos polinésios, Maui conduz Moana numa fantástica digressão oceânica.
Tudo cor-de-rosa, ao estilo Disney? Nem por isso. A cor dominante foi o castanho, o que inflamou opiniões. Não faltaram protestos contra o estúdio por ter ousado representar personagens e adereços oriundos da Polinésia. (...) As [acusações] mais indignadas visaram não tanto o filme, mas os produtos para crianças a ele associados.
Rebentou a tempestade. A deputada Marama Fox, co-líder do Partido Mãori, representativo da população indígena da Nova Zelândia, clamou contra a empresa cinematográfica, acusando-a de "apropriação da propriedade intelectual" daqueles povos. E mostrou-se indignada por Maui ser representado por um boneco obeso. (...) Os artigos apressadamente desaparecidos do mercado passaram a valer mais no circuito paralelo: eis um dos paradoxos deste caso.»
(Pedro Correia, Do livro TUDO É TABU (Guerra & Paz, 2024), pp. 46-47)
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