A luta política hoje trava-se, em Portugal e em toda a Europa, de um lado entre partidos democráticos e sociais que acreditam na União Europeia, na democracia liberal, num Estado de direito, no mercado livre, mas regulado, e num setor público que providencia serviços essenciais e, do outro lado, forças populistas antissistema de instintos autoritários, antidemocráticos, antieuropeus, que acreditam num Estado forte que controla os cidadãos e as empresas, Estado esse que acaba controlado pelos interesses dessas elites que procuram alcançar o poder.
Em Portugal, neste momento, esse centro democrático e social ainda recebeu mais de 2/3 dos votos. Há que honrar esse apoio e garantir que o nosso sistema político e económico, bem como o Estado, respondem eficazmente aos anseios generalizados da população. É preciso, por isso, governar bem.
Mas governar bem numa democracia moderna é muito difícil. É difícil porque as boas medidas demoram muitos anos a ter efeitos benéficos e a sua eficácia está nos detalhes do desenho das políticas e na qualidade da implementação, não em grandes chavões. Mas a pressão dos média e das redes sociais reduz tudo ao “soundbite” de curto prazo e ao tema mediático do momento.
Quem quer discutir os detalhes da sustentabilidade do sistema de pensões quando pode ver a perseguição ao vivo da ambulância que leva ao hospital um político que teve um chilique? A realidade assim mediatizada torna-se um “reality show” constantemente reencenado, no qual os melhores atores vencem sobre aqueles que são melhores líderes. (aqui texto na íntegra)

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