E, mesmo que o tivesse, seria isso correcto? A resposta é negativa.
A agravar o caso está o facto de se tratar de um e-mail onde se revelava a identidade de uma fonte de informação.
(...)
A direcção do DN precipitou-se ao denunciar a fonte de outro jornal. E deveria pedir desculpas públicas, para evitar que se instale na imprensa uma guerra suja e sem regras.
Este problema da protecção das fontes é decisivo.
É uma questão central do jornalismo.
Sem ela, o jornalismo de investigação acaba. Porquê?
Porque se instalará o medo. A partir do momento em que começarem a ser reveladas as fontes dos jornais, instalar-se-á o medo. Ninguém quererá prestar informações aos jornalistas. Toda a gente os evitará: o empregado com medo do patrão, o funcionário público com medo do Governo, o juiz com medo da hierarquia, etc.
As injustiças passarão a não ser noticiadas e denunciadas - porque as pessoas começarão a ter medo de as denunciar, receando que os seus nomes venham a público e sofram represálias.
(...)
As pessoas que prestam informações aos jornalistas não são anónimas: são pessoas que os jornalistas sabem quem são, que dão o rosto. Simplesmente pedem para não ser identificadas para não serem objecto de perseguição.
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O fim da protecção das fontes levará a um clima de medo generalizado, onde as prepotências na actividade pública e privada, as injustiças, muitas fraudes não serão denunciadas porque os possíveis denunciantes terão medo de se expor.
Fonte. A Denúncia , José António Saraiva, Sol
Já agora, gostaria de perguntar quem beneficiou desta usurpação do e-mail?
Lembrar também que o DN é o Jornal que mereceu o elogio público do PM.