A " era Sócrates" devia necessariamente acabar assim.
Um poder centralizado no primeiro-ministro, um grupo parlamentar inane, uma tendência autoritária mais do que evidente e uma vontade mal escondida de controlar a sociedade tinham de criar uma oposição unânime à esquerda e à direita e impedir qualquer colaboração futura não só entre o PS e os partidos que Sócrates desprezava ou ignorava, mas também, com a excepção do CDS e do PSD, entre toda a gente que ficou de fora e se viu obrigada à intransigência para sobreviver.
Pior ainda: se a "moderação" e o catolicismo de Guterres fizeram o Bloco, o tão gabado " reformismo" de Sócrates conseguiu transformar um pequeno grupo sem consequência na terceira força do Parlamento e do país.
Quem diz que não houve " asfixia democrática" evidentemente não percebe que esta campanha manifesta uma claríssima vontade de libertação .(...)
(A Instabilidade, Vasco Pulido Valente, Público)
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