Quando, como aconteceu nesta última semana, o céu cai em cima das nossas cabeças, e o horizonte se torna de chumbo, a pergunta sobre o valor da democracia torna-se natural, quase inevitável.
Nesta semana de verdadeiro horror orçamental, o que a frequente, a quase obsessiva pergunta do cidadão sobre a natureza e o valor da democracia traduz é, acima de tudo, uma brutal erosão da confiança nos seus líderes.
Uma erosão que pode vir a não ter um retorno fácil, tal a sua intensidade. E também por ter sido o culminar de um processo em que, durante meses, se ouviram vezes sem conta garantias de que não iria acontecer nunca aquilo que, precisamente, depois aconteceu.
É nestas circunstâncias que surge a pergunta: é isto a democracia?!... É que a democracia é, antes de mais, um contrato de confiança entre os cidadãos e os seus líderes, com base numa empatia e num programa. Sem confiança, desaparece a legitimidade política e fragilizam-se todas as práticas sociais, económicas e culturais de uma sociedade. A metáfora do "pântano" traduz bem este processo, apontando para as areias movediças que tudo ameaçam.
E a confiança hoje não decorre apenas das eleições, ao contrário do que, infelizmente, muita gente continua a pensar. É um facto que é lá que ela nasce, mas só a acção que se lhe segue lhe dá verdadeiro enraizamento e efectiva consistência.
Fonte: Manuel Maria Carrilho,DN
1 comentário:
Se Sócrates ficar como pm muito mais tempo, acredito que a democracia esteja em perigo Ele não respeita ninguém só a sua vontade é soberana, tem toda as características de um que é capaz de ditar a dura...
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