Um banqueiro central comparou recentemente o ciclo do financiamento com um fontanário com vários pratos, uns em cima dos outros. Nos pratos de cima estão economias como os Estados Unidos, a Itália, o Reino Unido e até a Alemanha. Nos pratos do fundo estão países como a Grécia, a Irlanda e Portugal. A corrente da água - a poupança mundial - que jorra de cima tornou-se cada vez mais reduzida. E os pratos de baixo foram ficando cada vez com menos água, leia-se, financiamento. Mas foram apenas os primeiros. Chegou a vez dos pratos de cima, como os Estados Unidos e a Itália, enfrentarem também a falta de água, a escassez de uma poupança mundial localizada na Ásia, com a China a liderar, em África e, menos, na América do Sul.
A metáfora do fontanário não desculpabiliza os excessos cometidos por países como Portugal. Mas mostra que o problema fundamental não está nos ditos periféricos indisciplinados. Os países ricos do hemisfério Norte e do Ocidente vivem acima das suas possibilidades, com crédito alimentado pelas poupanças da parte do mundo que é mais pobre.
O problema da dívida deixou de estar circunscrito a uns indisciplinados do Sul da Europa. Está demonstrado que mundo rico é todo ele PIG de Portugal Irlanda e Grécia. E agora, sim, podemos esperar que o problema comece a resolver-se.
O reequilibro financeiro do mundo não se faz sem mudanças, que exigem escolhas.(...) Mas a História mostra que nem sempre o escolhido é o melhor para todos. Estamos no momento da verdade, no dilema entre ir para mais Europa ou para Europa nenhuma.
Helena Garrido,J.Negócios
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