terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Corpos Diferentes Mentes Diferentes ...


Nós gostamos de pensar em nós mesmos como criaturas racionais, absorvendo informações, pesando-as cuidadosamente e tomando decisões bem pensadas.

Ao longo das últimas décadas, os cientistas têm mostrado que há muitos factores internos e externos que influenciam o modo como pensamos, sentimos, comunicamos e tomamos decisões em um determinado momento.

Uma influência particularmente poderosa pode vir de nossos próprios corpos, segundo uma nova pesquisa publicada na revista científica Current Directions in Psychological Science.


O cientista cognitivo Daniel Casasanto mostrou que peculiaridades dos nossos corpos afectam o nosso pensamento de forma previsível, em diversas áreas da vida, da linguagem e das imagens mentais até as emoções.

Uma das formas como os nossos corpos parecem moldar as nossas decisões é através da lateralidade: ser destro ou canhoto.


Utilizando uma série de experiências, descobriram que, em geral, as pessoas tendem a preferir as coisas que encontram no mesmo lado que a sua mão dominante.
Quando foi perguntado aos participantes qual de dois produtos comprar, qual de dois candidatos contratar ou qual das duas criaturas alienígenas parecia mais confiável, os destros escolheram o produto, pessoa ou criatura que viam no lado direito da página.

Os canhotos preferiram muito mais as escolhas à esquerda.
Esses tipos de preferências foram identificados até em crianças com apenas 5 anos de idade.


Mas por que a nossa lateralidade importa quando se trata de fazer avaliações abstractas?
Tudo se resume à fluência, de acordo com Casasanto.

"As pessoas gostam mais de coisas quando elas são mais fáceis de perceber e de interagir," diz ele.

Os destros interagem com seu ambiente mais facilmente à direita do que à esquerda - assim, eles associam "bom" com "direita" e "mau" com "esquerda".
Contudo, essa preferência por coisas do nosso lado dominante pode ser alterada.
Destros que tiveram suas mãos direitas permanentemente deficientes começam a associar "bom" com "esquerda".
O mesmo vale para os destros cuja mão "boa" está temporariamente em desvantagem durante os experiências no laboratório.
"Depois de alguns minutos atrapalhando sua mão direita, os destros começaram a pensar como os canhotos," diz Casasanto. "Se você mudar os corpos das pessoas, você muda suas mentes."


A hipótese da especificidade do corpo pode desempenhar um papel até mesmo no comportamento eleitoral.

Casasanto assinala que muitos estados [nos Estados Unidos] ainda usam cédulas com os nomes dos candidatos listados à esquerda e à direita.

"Como cerca de 90 por cento da população é destra," diz Casasanto, "as pessoas que querem atrair clientes, vender produtos ou obter votos devem considerar que o lado direito de uma página ou de uma tela de computador pode ser o lugar 'certo' para ficar."


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