Antes de Cristo, segundo Estrabão, as mulheres eram, no Nordeste peninsular, as detentoras da propriedade que a passavam por linha feminina. E esta, é a razão subterrânea , segundo alguns autores (como Paulo Alexandre Loução) do poder das mulheres do Minho. Já vem do fundo dos tempos. E vai-lhes dar força pelos tempos fora.
Depois da romanização, o Cristianismo e o domínio dos Mouros, já as haviam despojado das riquezas, mas eis que surgiu a última machadada - a Lei Mental e dos morgadios.
A Lei mental foi publicada em 1434, no reinado de D. Duarte. Os bens passam, a partir de então, de homem para homem.
É neste momento que renascem forças antigas, num tempo novo, forças subterrâneas, e a mulher descobre que o ouro, riqueza que vem da pré-história, se pode contrapor à propriedade masculina.
Mas, era preciso fazer isso sem reacção social. Então como fazer?
A princípio ela não vai usar o ouro como riqueza, mas como algo de sagrado. Como talismã para sua própria fecundidade por cultos femininos. A Srª da Agonia, de sofrimento extremo, reminiscência de um antigo culto da Lua, foi transformada na romaria mais alegre do país. E assim, com a ajuda do sagrado, de cultos femininos, da festa, as minhotas conseguiram enganar as leis e fazer reviver tempos anteriores à romanização em que os bens se transmitem por via feminina.
Todos nós vemos centenas e centenas de mulheres, nas festas da Senhora da Agonia com o peito coberto de quilos de ouro. Que futuro terá esse ouro?
Passam sempre de mulher para mulher,. Se apenas houver filhos passa para as noras. Quando não há filhas , noras ou netas, passa para afilhadas ou sobrinhas, mas sempre para outra mulher.
Portanto a Lei Mental fez com que as mulheres Do Minho «acordassem», fizessem emergir, desenraizassem da sua genética esse costume de antanho - desta vez transmissão não de terras, mas de ouro, muito ouro.
Só com o 25 de Abril, mais precisamente com o Código Civil de 1978, foi abolida a lei. de ser o marido a administrar os bens do casal, quando nesta altura já havíamos poisado na lua.
Fonte: Grandes Enigmas da História de Portugal, Baêna M.S.,Loução A.P.(Ésquilo)
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