O hábito, em Portugal, não é infelizmente o de ser breve nas intervenções parlamentares, nas reuniões nas empresas, nas conversas com estranhos. É um péssimo hábito porque não é tanto o silêncio que é de ouro: é o tempo. Quase tudo demora mais do que deveria, e sabemo-lo porque notamos as repetições, a falta de conteúdo nos discursos, a chamada “palha” que toda a gente julga ser necessária não sabemos bem para quê. Ou sabemos: para fazer de conta que se está a dizer alguma coisa quando não há nenhuma ideia, nenhum conteúdo e nenhuma originalidade no que se diz. Ao contrário da brevidade, que é sexy, como disse um dia Dorothy Parker, aperfeiçoando um verso de Shakespeare, palavras que se prolongam no tempo tendem a perder sentido.
Carla Hilário Quevedo,Elogio da brevidade, Ji
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