Neste trágico século, (...) sem qualquer sério conteúdo ideológico, sem nenhuma espécie de grandeza fora do visceral e do somático, todo feito de records orgânicos e de conquistas dimensionais, que serenidade interior poderá ter alguém alicerçado em valores religiosos, estéticos, morais, ou outros? Nenhuma. Entre o abismo da sua impossibilidade natural de deixar de ser o que é, e a muralha que o separa inexoràvelmente do plaino onde se move e se justifica a multidão circundante, o desgraçado é como aquelas algas desenraizadas que o mar atira impiedosamente à terra, e que a terra devolve impiedosamente ao mar. É claro que na maior parte das vezes a pobre alga protesta. (...)
É a eterna e triste lei das realidades. Tão eterna e tão triste, que até passando do individual para o colectivo ela é verdadeira.
A vida não se move por acções lógicas. Move-se por imponderáveis, e sobretudo pela força dos factores.
Miguel Torga
Sem comentários:
Enviar um comentário