Não se largam, não se desprendem, não se soltam (cada um sabendo que quando o fizer é de vez) mas fazem um bocadinho de aflição, tanto ruído. Inaugurações, espectáculos, fóruns, deslocações, um carrossel de eventos e lá estão eles, operando e agitando-se como talvez democracia alguma terá visto.
Sim, é um mistério, mas eles acreditam que nós acreditamos “nisto”. E neles, o que é pior, apesar de tão inventivos, criativos, operativos (e tão cansativos).
Nunca achei que a política casasse bem com o optimismo, mas com este “optimismo afectuoso” ainda menos casa, conforme, se não estou enganada, qualquer ser normalmente constituído se apressará a concordar.
De dar nota do meu pasmo face à manipulação que vem da governação que nos coube em sorte e não em voto, e nos vende gato por lebre: nas enganadoras conclusões económico- financeiras que tira das más decisões politicas que toma, nas prioridades que elege, nas escolhas que faz, nos valores civilizacionais que vai assassinando criteriosamente. E de uma certa forma de fraude que é para a esquerda radical essa coisa que devia ser tão comum como a água nas torneiras que é a liberdade. Mas ela não corre nem escorre como essa água, os canos da esquerda estão muitas vezes convenientemente entupidos.
Não só é preciso acabar com a (boa) herança deixada pela coligação PSD/CDS como sobretudo corromper o prestigio dessa memória. Um dois em um: desfazer o património, apagar a sua memória. Está em curso. Convinha talvez que não se olhasse para essa delapidação com um olhar tão plácido. Tão quieto.
Excertos do artigo 'Falsos siameses' de Maria João Avillez, OBSR
Sem comentários:
Enviar um comentário