Já sabia – mas em Julho percebi-o melhor – que deixou de haver chão debaixo dos nossos pés, o chão que sempre houve, o nosso, fossem altas ou baixas as marés, amenas ou tempestuosas as estações.
Agora que a Europa deixou de ser um valor (e um porto) seguro e que o Ocidente agoniza, o mundo em que entrámos requer aprendizagem e outros códigos mas quais? Transformar o medo em rotina? Domar esta “expectativa de pior” que já vestimos como uma segunda pele, da próxima vez será onde e quando? Meter na cabeça de vez que o substantivo “segurança” caiu em desuso? Habituar-me à aflição desnorteada e desmunida das lideranças políticas face à irrupção sem pré-aviso do terror? Olhá-lo como uma banalidade quotidiana, passando a quarta ou quinta noticia do dia?
Fonte: Maria João Avillez, 'Julho'
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