Pois, Um Banco para ti, Um fundo Para Mim E Centeno Sorri.
O acordo que o governo acaba de assinar para a venda do Novo Banco resume-se a isto: entregar os bifes do lombo ao fundo americano enquanto o Estado fica a rilhar ossos.
Aliás, falar em “venda” é, por si só, distorcer a realidade, tal como o é afirmar que o Lone Star “pagou” mil milhões de euros pelo banco. O fundo americano não pagou coisa alguma, porque o vendedor recebeu zero – o Estado limitou-se a entregar o Novo Banco ao Lone Star mediante determinadas condições, entre as quais uma injecção de capital dos novos donos no valor de mil milhões de euros. Se o senhor Manel me oferecer um edifício devoluto na condição de eu investir 100 mil euros no edifício que passou a ser meu, ninguém vai com certeza dizer que paguei cem mil euros ao senhor Manel. (...)
Ontem, António Costa vendeu muito bem o seu peixe, como é hábito, celebrando a não liquidação do banco e a salvaguarda do sistema financeiro. Contudo, a garantia de que não haverá impacto nas contas públicas, nem novos encargos para os contribuintes, é mero wishful thinking – sobretudo quando assistimos à irresistível tendência dos buracos dos bancos portugueses evoluírem para crateras. O governo transformou o fundo da resolução numa PPP para o sector bancário: não paga agora; quase de certeza pagará depois. Talvez num próximo governo de direita.
Excertos do artigo de João Miguel Tavares, Público
Sem comentários:
Enviar um comentário