Hoje, dia 25 de Maio de 2017 celebra-se o Dia da Espiga, um costume popular que se festeja sempre na 5ª feira da Ascensão, sendo por isso móvel.
No calendário cristão, a Ascensão de Cristo celebra a subida de Jesus ao céu 40 dias depois de sua ressurreição.
Após ter ressuscitado, Jesus permaneceu na Terra entre seus discípulos durante 40 dias, período em que os instruiu sobre o reino de Deus. Seu último momento de vida humana termina com sua subida aos céus e sua passagem para o mundo divino. A cena é descrita na passagem bíblica dos Actos dos Apóstolos 1, 9-10 da seguinte maneira:
“Depois de dizer isso, Jesus foi elevado aos céus, a vista deles. Uma nuvem os encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo.
Este é um dia especialmente significativo para as sociedades agrárias tradicionais, como até há pouco tempo foi a nossa, que tanto dependiam da agricultura, da fertilidade da terra, da cadência das chuvas, do favor dos deuses. Para os conseguir, sempre os agricultores praticaram rituais, fossem quais fossem as divindades invocadas. A apanha da espiga, em Quinta-feira de Ascensão, é um sinal que resta desse gesto antigo que tinha por intenção providenciar, simbolicamente, a fartura de pão para o ano inteiro.
Maio é mês particularmente festivo, pois corresponde ao meio da primavera, altura do ano agrícola em que se inicia o amadurecimento das sementes e dos frutos: Por onde maio passou tudo espigou.
A apanha da espiga, mesmo hoje, quase nunca é um acto solitário. Em tempos, (segundo a narração de Matias Coelho no 'mediotejo' em 4 de Maio de 2016)
até há cerca de meio século, saía-se para o campo em ranchos, sobretudo de rapazes e raparigas, mas que integravam também gente de todas as idades, incluindo crianças e idosos. Levava-se o farnel que se partilhava à sombra das árvores mais frondosas e então colhiam-se as várias espécies para compor, com arte e afecto, o raminho benfazejo.
O ramalhete da espiga não tem uma composição fixa, variando muito de região para região e até de uma terra para a outra. No entanto, há elementos que surgem quase sempre e que encerram uma simbologia especial. Em vários locais do Ribatejo colhem-se habitualmente três espigas de trigo, três malmequeres amarelos e três papoilas, mais um raminho de oliveira em flor, um esgalho de videira com o cacho em formação e um pé de alecrim ou de rosmaninho florido. As espigas querem dizer fartura de pão; os malmequeres, riqueza; as papoilas, amor e vida; a oliveira, azeite e paz; a videira, vinho e alegria; o alecrim ou rosmaninho, saúde e força. Guardado em casa, o raminho da espiga não deve ser perturbado na sua quietude, sendo substituído apenas no ano seguinte por outro igual mas mais viçoso.
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