Como dizem? Não foi Costa quem ganhou o campeonato? Não foi ele quem venceu a Eurovisão? De acordo. Mas se não devemos dar a Costa os parabéns pelo primeiro lugar na Eurovisão, só por causa desse pequeno pormenor de ter sido Salvador Sobral quem lá foi cantar, por que razão é que temos de lhe dar os parabéns pelo crescimento económico?
Costa é suficientemente honesto para admitir que não cantou na Ucrânia. Mas no caso da economia, insistirá em que o mérito é seu. (...)
Obter picos de crescimento num trimestre ou num ano não é difícil, nem é garantia contra descalabros. O que é difícil é manter o crescimento ao longo do tempo, sobretudo num país endividado, onde não é possível aumentar salários e pensões todos os anos.
Mas a questão principal aqui não é essa. A questão é saber quem é que teve de executar o programa de ajustamento e diminuir os défices, de modo a habilitar o país a beneficiar do financiamento do BCE. Porque sem isso, não teria havido “devolução de rendimentos” em 2016. Foi António Costa? Não, não foi Costa, tal como não foi Costa quem ganhou a Eurovisão ou quem venceu o campeonato. António Costa aproveitou as condições criadas por Pedro Passos Coelho, que deixou a economia a crescer e o desemprego a diminuir. Foi graças a essa herança, que Costa pôde fazer num ano devoluções que o governo anterior agendara para mais tempo – uma pressa que Costa compensou talhando o investimento público até ao osso.
(continuar a ler)
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