Só percebendo que teriam que esperar meses ou anos e, depois, perder horas infinitas em salas onde não há cadeiras para todos, à espera de serem chamados para as ditas consultas, é que teriam uma noção da afinação possível e desejável nos serviços que dirigem.
Mais, quem nunca atravessou corredores frios e intermináveis com um filho ao colo, a arder em febre, nem teve que acompanhar mãe ou pai em cúmulo de dores para fazerem Raios X em espaços frios e desolados, nem falhou a sua própria consulta por ouvir mal e não perceber nada do que dizem os altifalantes roufenhos, velhos e gastos, que chamam os doentes para as consultas, não sabe o que padecem muitos dos que acorrem às urgências e às consultas de rotina, onde tantos doentes e velhinhos passam a vida. Se fosse possível contabilizar todas as horas de hospital e de transportes para conseguirem chegar de madrugada, a horas de sacar uma senha abaixo do número 100 para tirarem sangue e fazerem outras análises para, no fim da manhã ou início da tarde, serem vistos por médicos que muitas vezes nem tempo têm para os olhar nos olhos, verificaríamos que muitas destas pessoas desperdiçam demasiado tempo da sua vida neste circuito infernal.
Laurinda Alves, OBSR
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