sábado, 18 de novembro de 2017
Porque É Que A República Laica Se Apropriou De Uma Antiga Igreja Para Seu Panteão? ...
... O laicismo não é capaz de arranjar um espaço próprio, onde sepultar os seus próceres?
Rui Tavares indignou-se pelo facto de, no panteão nacional, se terem celebrado “missas católicas”. O historiador parece ignorar a história daquele templo, inicialmente mandado construir pela Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I. “Numa noite de muita tormenta”, a 19-2-1681, a igreja ruiu, pelo que, no ano seguinte, D. Pedro II, ainda regente, iniciou a sua reedificação, concluída só em pleno século XX. Mais do que perguntar o que é óbvio – ou seja, por que se celebram missas numa antiga igreja – o cronista deveria questionar o que fazem lá as cinzas, ou os cenotáfios, de alguns ateus e anticatólicos. Se a república é laica, por que se apropriou de um edifício religioso para panteão nacional?! O laicismo não é capaz de arranjar um espaço próprio, onde sepultar os seus próceres? Ou deve-se concluir que a república, que sempre foi muito expedita em se apoderar do património católico, não tem onde honrar os restos mortais dos seus principais vultos?! Na verdade, se não fosse a religiosa hospitalidade de Santa Engrácia, é de crer que os egrégios avós do regime jazeriam nalguma vala comum …
Se é uma violência sepultar um não-católico numa ex-igreja, como Santa Engrácia, o Estado português deveria providenciar espaços afectos a outras religiões para esse fim. Se quiser fazê-lo sem encargos para o erário público, pode proceder com essas religiões como sempre fez com a católica: esbulha os seus templos e destina-os depois para o fim que mais lhe aprouver. Quantos quartéis, escolas, repartições e hospitais públicos foram instalados em edifícios roubados à Igreja católica, a começar pelo próprio parlamento, ex-convento beneditino?! Para ateus e agnósticos, seria conveniente criar alguns campos de mártires laicos da pátria, paradoxais extensões ateias do panteão nacional. Por exemplo, o Campo Pequeno seria uma feliz opção para os adeptos do PAN e, o Campo das Cebolas, muito apropriado para vegetarianos.
“Querem fazer do panteão sacrossanto?” – pergunta, indignado, o “fundador do Livre”, partido também finado e, por isso, sério candidato a próximo inquilino de Santa Engrácia. Se o malogrado fundador soubesse que ‘panteão’ significa, etimologicamente, ‘todos os deuses’, certamente teria concluído que esse espaço, pela sua própria definição, não pode deixar de ser sacrossanto.
Para além da piedade religiosa, que é transcendente, também há uma piedade natural, que se traduz na veneração que os filhos devem aos seus pais e a nação aos seus mais ilustres filhos. Quando se falta ao respeito devido à memória dos pais da pátria, sejam ou não crentes, não é apenas a eles que se insulta: também se ofende a história e a dignidade de Portugal. (ler artigo completo)
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