quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Audiência Parlamentar Do Ministro Vieira da Silva Contribuiu Para Criar Uma Espécie De Nuvem De Fumo Que Visa Ilibá-lo De Qualquer Responsabilidade

Tudo o que deveria ter sido esclarecido na audiência parlamentar do ministro Vieira da Silva não só não o foi como contribuiu para criar uma espécie de nuvem de fumo que visa ilibá-lo de qualquer responsabilidade
Na passada segunda-feira, ao fim da tarde, procurei saber pela rádio e pelas televisões da audiência parlamentar com o ministro do Trabalho a propósito do escândalo da “Raríssimas”. Após ouvir a Antena 1, a TSF e depois ver a SIC e a RTP fiquei com a ideia que Vieira da Silva havia saído em ombros e só não foi aplaudido por pudor. 

Nada ganhou com a sua passagem pela associação (dois anos como membro da assembleia geral), nada sabia do BMW, dos ordenados e do nepotismo instituído, parece que só lhe chegaram ao ouvido umas vagas irregularidades e quanto a essas terá aconselhado o Ministério Público, enfim “estava tranquilo e continua tranquilo”. Foi aí que fiquei intranquilo. 

Valha-nos esta modernice tecnológica de rebobinarmos qualquer canal televisivo e recuperei o Jornal das Oito da TVI. Parecia que a realidade era outra. Ou melhor, os jornalistas da TVI haviam seguramente assistido a outra audiência parlamentar que não aquela que a Antena 1, TSF, SIC e RTP relataram. Aí a minha intranquilidade acentuou-se. É que o poder das imagens é extraordinário. Bastou a TVI mostrar a intervenção de um deputado, não recordo qual, a mostrar a cópia da primeira denúncia dirigido ao ministro em janeiro de 2017, e outra em março e outra em junho e mais outra em setembro e mais outra e outra, depois perguntar quantas são necessárias para desencadear uma reacção do ministro e este refugiar-se na diferença entre irregularidades” e “gestão danosa” para se mergulhar, sem preparação, nas “verdades alternativas” e no “lava mais branco”. 

Ou seja, em boa verdade, tudo o que deveria ter sido esclarecido na audiência parlamentar do ministro Vieira da Silva não só não o foi como contribuiu para criar uma espécie de nuvem de fumo que visa ilibá-lo de qualquer responsabilidade política. (continuar a ler)

Nota:A ex-presidente da Raríssimas, Paula Brito da Costa, foi constituída arguida na sequência de uma investigação do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.
Paula Brito da Costa estará indiciada pelos crimes de peculato, falsificação de documentos e recebimento indevido de vantagem, confirmou a Procuradoria Distrital de Lisboa.Esta quinta-feira de manhã, dezenas de agentes da PJ procedem a buscas na sede da Raríssimas, na casa de Paula Brito da Costa e no gabinete do ex-secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

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