Quando a geringonça chegou ao poder, proclamou alto e bom som que vinha acabar com a degradação da coisa pública.
Mas este Governo, erguido em nome da defesa do Estado "contra os malefícios do liberalismo", foi o que acabou por esvaziar o Estado de capacidade para dar resposta às necessidades dos cidadãos.
É terrível vermos como, passados três anos, se constata que a lógica implacável da combinação da incompetência com a nova austeridade encapotada - a das cativações - atirou para o lixo a defesa dos serviços públicos: a educação, a saúde, a justiça, a segurança, os transportes e os equipamentos públicos degradaram-se continuamente; a coordenação entre serviços do Estado piorou, o desprestígio dos deputados e do Parlamento cresceu; o número de paralisações e greves com incidência na economia e no funcionamento de serviços essenciais aumentou; afinal, a geringonça fez o contrário do que prometia.
Esta última semana do ano ficou marcada pela mensagem de Natal de António Costa - um autêntico manifesto eleitoral, repleto de promessas em todas as áreas, garantindo um futuro radioso se nele votarem, escamoteando qualquer referência a problemas recentes. António Costa joga na maioria absoluta -, e na mesma semana, o líder da CGTP anuncia que em 2019 "vamos ter um ano quentinho" de conflitos laborais.
É engraçado como surgem ao mesmo tempo promessas desencontradas: António Costa promete novas auroras radiosas e o arauto do seu principal parceiro de geringonça promete um amanhã cheio de greves. E, para finalizar 2018, o Presidente da República deu um sinal vermelho ao Governo no caso dos professores. Este novo ano eleitoral promete ser o ano de todos os perigos.
Fonte:Manuel Falcão, JN
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