Os cidadãos aguardam passivamente uma mudança ou, como dizia recentemente João Miguel Tavares no discurso so 10 de Junho, lhe ofereçam algo em que acreditar.
Isso não é possível, porque o regime é servido por pessoas esgotadas, sem ideias, incapazes de se colocar em causa e que, no essencial, não querem nenhuma mudança, nem acreditam em nada. Vivem de lugares comuns, frases vazias e ideias sem profundidade. É tudo circunstancial e não tem a menor dimensão estratégica e civilizacional. Não está em causa um mundo melhor, a liberdade concreta, a igualdade e a dignidade de vidas das pessoas. Não está em causa um projeto político que tenha como objetivo construir um país e um mundo que se deseje. Mas antes, garantir posições defensivas para que tudo continue na mesma, trocar este por aquele, fazer mudanças de cosmética, arranjar duas ou três bandeiras que façam muito ruído e distraiam as pessoas, para que, no essencial, nada mude. E isso é que é para mim corrupção.
Pelo meio, sim, há crime e roubo descarado do erário público. Há abuso e amiguismo. Há tudo aquilo que nos escandaliza. Mas tudo isso é um engodo.
Na verdade, a maior forma de corrupção é um sistema que se organiza para garantir que nada muda. Um sistema que é especialista em trocar peões, que prontamente responsabiliza pelas ações de corrupção política e económica, para manter uma situação de total ausência de elevadores sociais e de falta de esperança num futuro melhor.
(excertos do artigo de Joaquim Norberto Pires, Diário as beiras)
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