As greves podem nunca mais voltar a ser as mesmas depois do que está a acontecer com os motoristas. Estas greves são em si efeitos de um Governo com o inédito apoio dos partidos de esquerda.
Helena Garrido, OBSR
Não é fácil, ainda em cima do que se tem passado e ainda falta acontecer, falar sobre a greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias. Mas os serviços mínimos decretados pelo Governo, assim como o beneplácito inédito dos partidos de esquerda, permitem desde já antecipar que teremos neste caso um separador histórico das greves em democracia. E concluir que estamos perante um efeito secundário do inédito Governo apoiado pela esquerda.
Desacreditar os líderes ou principais protagonistas da greve foi desde logo a primeira fase deste processo. Seguiu-se a dramatização, com o próprio Governo a contribuir, também, para o lamentável espectáculo de corrida às bombas de gasolina e a dar mais força à ANTRAM do que aos sindicatos.
O que diria o PCP, o BE e a CGTP se não estivéssemos a viver com um Governo que têm apoiado? É impossível não pensar no que pensou Ana Sá Lopes – com um governo do PSD e do CDS aquilo a que estamos a assistir era impossível. Só a esquerda consegue limitar o direito à greve sem que exista contestação, como só a esquerda, nomeadamente o PS de José Sócrates, conseguiu fazer reformas, sem que fosse a mando da troika, que eram fundamentais para o País, reduzindo direitos por exemplo nas pensões ou eliminando rendas, como por exemplo no sector das farmácias.
Escapámos até agora aos partidos populistas mas não estamos a escapar ao aparecimento de sindicatos que podem desestabilizar o regime. Até agora o PS tem conseguido retirar-lhes força – veja-se o exemplo dos enfermeiros – e pode ter de novo sucesso com os motoristas. Mas estamos a entrar em águas ainda não navegadas e é preciso ter muito cuidado para que estas manifestações de força não acabem por ferir direitos fundamentais. Ninguém quer um antes e depois da greve dos motoristas em matéria de direitos. ( ler artigo completo)
Nota: Grevista rebenta com o Governo
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