As duas primeiras décadas deste século são um somatório de oportunidades perdidas para Portugal. Não houve reformas estruturais e as poucas mudanças que se fizeram acabaram por ser em boa parte revertidas. A presença de portugueses em cargos internacionais de relevo, ao longo destas duas décadas, é inversa em relação às melhorias e aos progressos verificados no país. Foram duas décadas de degradação do sistema político, do surgimento de numerosos casos de corrupção de várias dimensões, de descrédito do Parlamento e dos partidos do sistema. Foram anos de aperto, de destruição de valor, de colapso de instituições financeiras, de degradação dos serviços públicos.
Continuámos a ver as promessas eleitorais serem desmentidas na prática logo a seguir à contagem dos votos. O sistema deixou de usar a confiança como moeda de troca. A justiça é uma miragem. Os cidadãos pagam mais ao Estado e recebem menos. Os eleitores afastam-se, cada vez em maior número, dos processos eleitorais. Os governantes são eleitos por uma minoria. As grandes cidades estão a deixar de ter habitantes, trocados por visitantes. A especulação imobiliária instalou-se. Em Lisboa, o programa político da autarquia é afastar os lisboetas, tornar-lhes a vida difícil e deixar a sujidade e a porcaria invadir toda a cidade. Na primeira vintena de anos deste século, o progresso foi pouco e o retrocesso foi enorme. É este o estado da nação no início de uma nova década.
Manuel Falcão, JNegócios
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