O segredo político mais mal guardado do país foi revelado, o tabu de que todos falavam sem descrição está exposto. Marcelo Rebelo de Sousa levou para lá do limite aceitável o anúncio de uma recandidatura que já estava decidida há cinco anos e acabou a fazê-la dentro de umas pastelaria, no meio de bolos e croquetes, a 100 metros do Palácio de Belém. A farsa começou antes do anúncio formal e prolongou-se, depois, com a saída a pé da Pastelaria Versailles, sozinho, como se a recandidatura começasse ali, naquele discurso de nove minutos. A apresentação foi pobre, limitada, sem energia ou capacidade de mobilização. É tudo o que não precisamos de Marcelo nos próximos cinco anos.
Marcelo bem pode dizer que é candidato porque há uma pandemia a enfrentar e uma crise económica e social e não vai fugir às responsabilidades. É o contrário. Os portugueses é que não poderiam deixá-lo fugir sem assumir as suas responsabilidades, sem o obrigar a confrontar-se com as suas ações e ainda mais com as suas omissões. E se o fizesse, se fugisse, estaria como que a apagar as milhões de selfies que entretiveram os portugueses nos anos da fantasia.
Não vai ser muito necessário esperar muito tempo para avaliar se teremos o mesmo Marcelo de sempre ou um novo Marcelo. O ano de 2021 vai ser decisivo, pela política, pela economia, a exigir o que Marcelo nunca foi. Vai ser?
(excertos do texto de António Costa, ECO )
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