A lenta Europa
Isto dava para uma série policial: o estranho caso das vacinas desaparecidas. O tema é a forma como a União Europeia tratou do assunto da compra das vacinas, da garantia da sua entrega, e de como está a reagir a atrasos e percalços diversos.Manuel Falcão, J Negócios
A impressão que dá é que a União Europeia colocou um amanuense habituado a tratar de compras de papel higiénico e consumíveis a negociar com as farmacêuticas que podiam fornecer as vacinas. O resultado está à vista: contratos não cumpridos, atrasos no fornecimento, ausência de atribuição de responsabilidades, um sensível atraso em relação ao calendário inicial, populações descontentes,
Estados-membros a desalinharem-se das decisões da União. O caos, em suma. Eis o retrato perfeito das ineficiências da burocracia europeia. São efeitos que se estendem, desde o processo de avaliação das vacinas à interlocução e negociação com os fabricantes, e vão até à dificuldade em garantir que não seriam feitas exportações da vacina para fora do espaço da UE antes de cumpridos os compromissos de fornecimento assumidos. Já nem falo de se ter conseguido colocar mais fábricas a produzir. Recordo apenas que, nos Estados Unidos, a administração Biden conseguiu levar a Johnson & Johnson a licenciar a Merck para fabricar a sua vacina de dose única, aumentando assim a capacidade de produção e entrega.
Na Europa, sabe-se que há várias instalações que podiam produzir vacinas, e não o estão a fazer. A presidência da União sobre estes assuntos não se pronuncia. Por acaso, a presidência, até Junho, cabe a Portugal.
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