Não há fonte maior de desesperança do que a ideia de que as nossas opções de vida estão limitadas pelo meio social.
Desde logo porque não temos, na escola pública, um instrumento minimamente eficaz para resolver o problema.
Depois, é bom relembrar que o País está há 20 anos estagnado do ponto de vista económico. É, aliás, o que normalmente acontece quando se imagina que a única função das políticas públicas é a de redistribuir indefinidamente, uma e outra vez, uma riqueza que não existe e que se imagina poder ser criada por decreto. Ora, como é bom de ver, a seguir a uma escola disfuncional, nada é mais inibidor de uma evolução social ao longo da vida do que um ambiente macroeconómico que não é gerador de oportunidades ou de empregos de qualidade, com uma fiscalidade asfixiante, sem estímulos de qualquer ordem para fazer mais e melhor. Ou alguém acha que é por acaso que 30% dos jovens portugueses, de acordo com um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, declaram querer emigrar?
Finalmente, porque, a somar a este fracasso estrepitoso da escola, a somar a este contexto económico paralisante e medíocre, há ainda que contar com as dificuldades inerentes a um País pequeno, ainda largamente paroquial e sobretudo com elites endogâmicas que tendem a perpetuar, de geração em geração, pequenos ou grandes privilégios (no acesso ao mercado de trabalho, na progressão nas carreiras, no acesso às várias estruturas de poder) que pouco ou nada têm que ver com a ideia de esforço ou de mérito. (ler texto completo)
(Pedro Norton, Visão)
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